segunda-feira, 20 de maio de 2013







Tu


Então me deparei com minha alma ainda pequena, que vivia na ponta dos pés espiando a vida dos adultos, que admirava São Francisco e o via como inspiração, motivação e amor. Nessa mesma época tive de aprender coisas difíceis, sentimentos foram guardados, experiências negligenciadas. Percebi que adultos franzem a testa aos problemas, pois isso também não me passava despercebido. Meu Deus e as rugas que se adquirem ao decorrer dos anos, rugas de trabalho, de dor, de amor e as mais dolorosas rugas de decepção. Agora me vejo adulta, cheia de marcas que nem mesmo uma segunda infância é capaz de apagar, pois a inocência que tu homem me ensinaste a valorizar, lhe foi totalmente tirada e me ensinaste o pior do adulto, a fase apavorada.
Tu homem que me ensinaste a ter fé, não apenas no meu anjo que antes era um enorme santo, meu Anjo Francisco, mas fé em mim e a que mais me gratificava fé em ti. Me deparei com os sentimentos, aliás os pseudo sentimentos, as falsas palavras, as promessas de garganta e o Eu te amo que corrói que nunca existiu.
Tu homem que me desarmaste, que me deste motivação existiu ao menos dentro de mim, pois o mundo que carreguei contanto com tua força, existiu apenas dentro de mim. Mas vejo que embora tu não sejas real, eu tenho meus sonhos, tive um dia o teu corpo e hoje levo apenas o suave gosto amargo de sua boca.
Ó tu homem que um dia dediquei as minhas juras de amor, hoje me faz afogar-me em desejos vis na tentativa de matar-te dentro de mim, me faz buscar em outros lábios a paixão que um dia tive e ao olhar por cima do ombro vejo a tua distância, teu desafeto e tuas mentiras. Vejo que idealizei aquele homem outrora perfeito, com olhos ternos, toque suave e cheio de desejo, vejo que amei e acreditei no homem errado, que lutei por algo fictício, que como diz Buarque " no meio meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho" a qual eu tentei arduamente desviar segurando tua mão.
Perdão meu anjo barroco, perdão meu Francisco por encarar minha fraqueza, por desistir de tudo que sei que lhe faria feliz, por dar-lhe anseios de gente grande e principalmente por não tentar, mas minhas forças se esgotaram junto com a morte da minh'alma. Acredite meu filho quando lhe digo que tudo vale a pena, que não quero que sejas covarde, que negue o que sintas, que desejo que lutes por tua felicidade embora não vejas isso no homem do teu exemplo, mas quase dois anos se passaram desde o meu regresso e apenas agora me deixo levar por o eu não quero mais tentar, veja minha força e luta por ti, por mim por um homem vil.